Este post vai para o Filipe Guimarães, que faz o mestrado na UFF. Eu fui comentar que ao usar uma máquina Windows para atualizar o firmware de um access point Linksys, o arquivo foi salvo em um lugar que eu não encontrava (Local Settings) mas tinha o path completo. Ele disse que a relação minha com Windows era a mesma dele com peixe: ele odeia peixe e toda vez que tenta comer, acha espinha.
Ele recebeu os CDs da Canonical e instalou o Ubuntu. Alguns comentários dele são pertinentes, outros são totalmente inexplicáveis ("O visual do Windows é melhor que o do Linux"). Claro que não visitou
http://www.gnome-look.org,
http://www.kde-look.org, etc. O comentário dele era que é "muito chato instalar tar.gz". Ele sabe programar portanto compilar não é problema: o grilo são as dependências. Enquanto o fantástico APT resolve dependências e mostrar que procurar e instalar programas no Linux pode ser mais fácil que no Windows, quando o programa não está ainda empacotado, o problema é mais sério, concordei. Mas será que o projeto Debian não pensou em facilitar a vida em algo tão importante quanto instalar programas a partir dos fontes ? A resposta é: é claro que sim!!! Assim, apresento a vocês o auto-apt.
Vou demonstrar usando um pacote chatíssimo de instalar mas que vale a pena: o Xmoto. Escolhi este programa, pois assim apresento o "The Linux Game Tome", em
http://happypenguin.org, assim ele não vai dizer que precisa do Windows para os jogos ;) A versão do Dapper é a 0.1.10 e já saiu a versão 0.2.0 (em outro post vou mostrar como atualizar pacotes ;)
O Xmoto depende do X, SDL, SDL_mixer, OpenGL, Lua, etc.. Em primeiro lugar instalamos e atualizamos o auto-apt
sudo apt-get install auto-apt
sudo auto-apt update
sudo auto-apt updatedb
sudo auto-apt update-local
Baixe o arquivo xmoto-0.20.src.tar.gz, por exemplo, de
http://xmoto.free.fr/. Descompacte o arquivo (eu faço isto em uma pasta Pacotes). Vá para ela e rode
cd Pacotes
tar -zxvf xmoto-0.20.src.tar.gz
cd xmoto-0.2.0
auto-apt run ./configure
O auto-apt vai perguntando pelos pacotes à medida que o script configure vai rodando. Ao selecionar Install, tome o cuidado de esperar que o pacote seja baixado antes de mandar instalar o seguinte (isto é meio esquisito, concordo), senão vai dar erro de lock.
Se der erro, rode o comando novamente. Se for a primeira vez que você compila, o processo vai demorar um pouco pois precisaremos baixar todas as dependências.
Agora é só compilar o programa
make
O Filipe reclamou que não sabe onde o Linux coloca os arquivos também (claro que ele ainda não aprendeu sobre a LSB (em
http://lsb.freestandards.org/ ;). Eu vou mostrar como criar um pacote a partir do fonte compilado: não é a maneira recomendada, mas é útil para iniciantes: você pode retirar o seu programa quando for lançada a versão do pacote oficial (que, entre outras coisas, coloca um link no menu). Instale o checkinstall
sudo apt-get install checkinstall
e rode no diretório onde você acabou de compilar o xmoto:
checkinstall make install
Responda às perguntas e a descrição do pacote. Isto vai criar o arquivo xmoto_0.2.0-1_i386.deb que você pode instalar
sudo dpkg -i xmoto_0.2.0-1_i386.deb
Pronto, você já tem o xmoto no seu computador, compilado a partir dos fontes. Em resumo, você precisa de três comandos para instalar um pacote a partir dos fontes: auto-apt run ./configure; make e checkinstall make install.
Se o auto-apt não encontrou alguma dependência é porque a mesma não foi empacotada. Aí a coisa fica um pouco mais chata, pois você tem que compilar a dependência, seguindo os passos acima. O arquivo que vai te dar a dica do que está faltando é o
config.log.
P.S.: se você já se sentir confortável compilando pacotes, é uma boa rodar o ./configure --help. Pode ser que alguma opção de compilação não seja ativada por default no pacote mas que pode te interessar.
P.S.: um guia de referência sobre como criar pacotes e atualizá-los está no Manual do SysAdmin do IFUFF, em
Wiki do Operador.